Capela de São Sebastião
Capela de São Sebastião (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Arquitectura Religiosa / Capela
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A pequena capela de São Sebastião, à beira da estrada entre Sintra e a Ericeira, tem as suas origens na Baixa Idade Média e numa petição feita pelos habitantes da Terrugem ao Arcebispo de Lisboa, para que pudessem ter uma “pequena ermida, com pia baptismal e capelão”, evitando, desta forma, terem de se deslocar à igreja de Santa Maria de Sintra, então sede paroquial dos moradores da Terrugem (NOÉ, 1991, MARQUES, 2004 e ROSA, 2005, DGEMN on-line). Este pedido, deferido pelo arcebispo D. Afonso Nogueira a 23 de Julho de 1426, tem sido considerado como o documento fundacional da ermida mas, na verdade, não sabemos se a sua construção se processou a partir de então, sendo certo que os elementos arquitectónicos mais antigos que se conservam apontam para uma cronologia ligeiramente posterior, já em época manuelina. Por outro lado, desconhecemos se este pedido dizia respeito à capela de São Sebastião, ou à São João Degolado, actual matriz da Terrugem, que conserva igualmente parcelas manuelinas.
Estamos em crer que a totalidade do templo que chegou até aos nossos dias foi integralmente construído (ou, quanto muito, reconstruído) na viragem para o século XVI. É certo que não encontramos, aqui, os ecos daquele manuelino sintrense que tanto sucesso teve na região a Norte da Serra, a partir do estaleiro do Paço Real, mas sim um vocabulário estilístico mais modesto e circunscrito à abóbada da capela-mor e ao seu arco triunfal, únicos elementos vincadamente manuelinos de todo o conjunto, mais de acordo, por exemplo, com a Capela de São Lázaro da vila de Sintra, obra onde a rainha D. Leonor teve comprovada intervenção e que, nem por isso, deixou de ser uma realização cheia de arcaísmos formais (porventura propositados).
Planimetricamente, o templo resume-se à estrutura mínima, com nave rectangular coberta por tecto de madeira e capela-mor quadrangular, reforçada exteriormente ao nível do arco triunfal por dois pequenos contrafortes de ambos os lados, que ajudam a estabilizar o abobadamento interior da ábside. A fachada principal é igualmente modesta, de pano único composto por portal principal de perfil apontado, executado em aduelas algo grandes, e empena triangular rematada por cruz axial e pequeno campanário de sineira única à direita, assentando o telhado imediatamente sobre a caixa murária. Do lado Sul existe um portal lateral, em arco rebaixado, denunciando uma intervenção posterior, eventualmente na época moderna. A iluminação é escassa, resumindo-se à capela-mor, originalmente dotada de três frestas, abertas axialmente nos três alçados, mas das quais apenas se conserva a do lado meridional, em capialço pronunciado.
O arco triunfal é a pleno centro e compõe-se por moldura de toro liso, capitéis vegetalistas, fustes decorados com “caules entrelaçados e floridos intercalados por rosetas, que se elevam de cestos” (IDEM) e bases oitavadas tipicamente manuelinas. A abóbada da capela-mor é polinervada de combados, formando um círculo central, cujos encaixes são decorados por bocetes vegetalistas, destacando-se o central, mais largo que os restantes e ostentando as flechas do martírio de São Sebastião. Conserva-se ainda o frontal de altar original, revestido por azulejos hispano-mouriscos, característicos das primeiras décadas de Quinhentos.
Em ruínas em 1937, só a partir de 1955 a DGEMN promoveu obras de restauro. A primeira fase incidiu sobre os aspectos estruturais, desconstruindo-se e reconstruindo-se os contrafortes e refazendo-se integralmente a estrutura do telhado. Em 1957 procedeu-se a trabalhos no interior, consolidando-se o arco triunfal, pavimentando-se o espaço e concluindo-se as pinturas e o arranjo do altar. Finalmente, em 1958, realizou-se o arranjo urbanístico do exterior, regularizando-se o terreno e reedificando-se o cruzeiro fronteiro, cuja inscrição truncada foi encontrada durante os trabalhos.
PAF