CARACTERIZAÇÃO

As Freguesias de S. João das Lampas e da Terrugem, ao serem agregadas por força da reorganização administrativa do território (Lei nº 11-A/2013, de 28 de Janeiro), passaram a constituir uma nova unidade territorial  (União das Freguesias de S. João das Lampas e  Terrugem) com uma área total de 83,6 Km2, (onde se situam 63 lugares) que representa quase ¼ da área total do Concelho de Sintra, confinando a Norte com o Concelho de Mafra, a Nascente com a União das Freguesias de Almargem do Bispo, Montelavar e Pêro Pinheiro, a Sul com a Freguesia de Sintra e Colares e a Poente com o Oceano Atlântico.

Aqui habitam, segundo os Censos 2011, 16542 pessoas, ou seja, pouco mais de 4% da população do Concelho (363749), que demonstra bem a fraca densidade populacional da nossa área,,quando comparada com a das freguesias da linha.

Ao longo de 10,5Km de costa atlântica, rochosa , entre Azenhas do Mar e a Foz do Falcão, temos as praias de Aguda, Magoito, Samarra, Vigia e S. Julião, de qualidades únicas, mas com problemas de acesso.

Grande parte da área (faixa mais litoral), está integrada no Parque Natural Sintra -Cascais, onde se procura a preservação das paisagens, da fauna e da flora locais, o que, sendo de louvar, implica sérios sacrifícios da população, que se vê condicionada na utilização dos seus terrenos. Porém, estamos convictos que será possível preservar esse património insubstituível, que nos enriquece, sem colocar em causa a necessidade de desenvolvimento que a nossa gente também merece.

HISTÓRIA DAS FREGUESIAS

A União das Freguesias de S. João das Lampas e Terrugem iniciou-se em 2013, nova realidade imposta pela reforma administrativa. Não se apagam, contudo, mais de 4 séculos de história de duas Freguesias vizinhas, autónomas, de identidades bem marcadas, com uma coexistência sempre pacífica e colaborante que devem sempre estar presentes e ser respeitadas.

SÃO JOÃO DAS LAMPAS

Até ao século XVI, o território que mais tarde viria a constituir a Freguesia de S. João das lampas, permaneceu sujeito à Paróquia de S. Martinho de Sintra.

Dada a grande distância que separava a população da Igreja matriz, o Infante D. Afonso fez publicar, em 1539, o alvará que autorizou os fregueses a nomear pároco com residência fixa em S. João das Porqueiros – antiga designação toponímica da povoação em análise – mantendo embora a ligação a S. Martinho de Sintra. Poucos anos antes, a velha igreja local fora já reconstruída à medida das novas aspirações de autonomia. Dessa campanha de obras evidencia-se o portal manuelino, classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1959.

No virar do século, concretamente em 1600, o nome da povoação – S. João dos Porqueiros – é substituído pela actual designação.

Ainda na primeira metade do século XVII, uma nova sentença eclesiástica veio reforçar a independência da Igreja de S. João Baptista face à Matriz de S. Martinho.

Nas Memórias Paroquiais de 1758, S. João das Lampas surge já como uma das freguesias do Termo de Sintra, judicialmente dependente da Comarca de Alenquer.

De acordo com o Numeramento de 1527, a região de S. João das lampas encontrava-se dividida em cinco vintanas:Açafora com 34 vizinhos; Odrinhas com 37 vizinhos, Poyanos (actualmente Casal de Pianos) com 29 vizinhos; São Joãocom 34 vizinhos e Pernigem com 47 vizinhos.

A Lista das Comarcas do Reino de 1640 regista o total de 215 vizinhos repartidos pelas diferentes vintanas. À vintana de Odrinhas pertenciam então os lugares de Alvarinhos, Amoreira, Areias, Bolelas e Funchal; à de São João, as povoações de Alfaquiques, Arneiro, Bodicaes (sic) e Sacaire (sic); os aglomerados de Bolembre, Fontenelas (sic), Gouveia e Magoute (sic) faziam parte de vintana de Pernigem; os lugares de Catribana, Cortezia, Moucevaria e Tojeira formavam a vintana de Pyanos e a povoação de Açafora constituía com o lugar de Almograve, a Quinta unidade administrativa de S. João.

Nas Memórias Paroquiais de 1758 conta-se, para a sede de freguesia, 110 moradores.

Já no século XIX, na Cintra Pinturesca do Visconde de Juromenha (1838) refere-se a existência de um total de 715 fogos e 3300 moradores dispersos pelos 32 lugares que constituíam então a freguesia.

Em 1940, o número de habitantes da freguesia de S. João das Lampas elevou-se a 4294, registando em 1960, 4946 habitantes. Em 1981, a população a freguesia era de 6838 habitantes. De acordo com os dados do Censo (1991), a população residente totalizava 7690 habitantes passados 10 anos, a população residente na freguesia é de 11397 habitantes ( dados preliminares dos Censos 2011 ) dos quais 8 441 (74%) são eleitores e 2182 (19%) têm idade inferior a 18 anos.

A agricultura dominou, até há pouco tempo, as atenções da população. Os terrenos do planalto de S. João das Lampas são especialmente aptos para a produção de cereais. A cevada, o trigo, o milho, o feijão e a vinha são apontadas nas Memórias Paroquiais setecentistas como as suas principais culturas. Durante a década de 40 deste século, S. João das Lampas detinha o maior número de cabeças de gado bovino relativamente às restantes freguesias do Concelho de Sintra. Oliveira Boléu (1973) faz notar que a inexistência de grandes manadas se relaciona com o facto da criação do gado se acumular, frequentemente, ao cultivo da terra.

Nos nossos dias, a exploração agrícola coexiste com o desenvolvimento da indústria e das actividades ligadas ao turismo. A extensão da costa e a subsistência de núcleos relativamente preservados de arquitectura tradicional fomentam a afluência de um grande número de visitantes à freguesia.

proximidade do Oceano marcou, desde sempre, o quotidiano da região. Durante o século XVIII, os fregueses de S. João estavam dispensados de enviar soldados ao exército do reino, dado que a vigia da costa ocupava todo a população. No Magoito existem, ainda, os vestígios de uma fortaleza – o Forte de Santa Maria – parcialmente destruído pelo Terramoto de 1755. Esta referência às necessidades de defesa da faixa costeira relaciona-se com os frequentes assaltos protagonizados pelos piratas “mouros”, prática que se encontra muito bem documentada para toda a zona a norte do Cabo da Roca e, muito especialmente, para a área da Ericeira.

TERRUGEM

Situa-se no Conselho de Sintra e é a quinta maior em termos de área, com 26.109 ha, teve o seu início em 11 de Junho de 1527 onde foi desanexada da Freguesia de Santa Maria.

O nome da Freguesia tem merecido diversas explicações por parte dos estudiosos da toponímia nacional. Referia em meados deste século uma publicação concelhia. Quanto à toponímia de Terrugem, diremos que o seu nome primitivo foi “Tarruja”. O erudito Padre Espanca, notável investigador, disse que o nome da Terrugem provém do latim “Thuringia”. Outros investigadores dizem que o nome deriva do latim, e designa terra fértil, terreno de boa agricultura, terras produtivas.

Tem como Freguesias limítrofes, Pero-Pinheiro, São João das Lampas, Cheleiros, Montelavar, São Martinho, Santa Maria e São Miguel.

É composta por 19 localidades dispersas entre si.

As indústrias mais predominantes são a marcenaria e a indústria do mármore.
A agricultura que em tempos foi o principal meio de subsistência hoje quase não existe.

As instalações da Junta foram inauguradas em Dezembro de 1993, tendo sido cedidas as antigas instalações á Associação de Reformados de João Degolado.
O símbolo heráldico da Junta foi aprovado pela comissão de heráldica em 28 de Outubro de 1997, encontra-se registado com o nº 15 de 09/02/1998 na Direção Geral da Administração Autárquica.Facto que levou a gente de Terrugem a dirigir-se ao Arcebispo de Lisboa, D.Afonso de Nogueira solicitando-lhe que, pela grande distancia de légua e meia a que estavam da Igreja Paroquial (Santa Maria), muitos não podiam ir lá, e outros morriam sem os sacramentos principais, sobretudo o Baptismo, e quando moribundos não tinham a encomendação necessária.
O Arcebispo homem compreensivo, por sua de 23 de Julho de 1426 (D.João I), «deferiu-lhes ao que pediam e deu licença aos paroquianos praticantes para tomarem um capelão um capelão para celebrar os actos de culto na ermida de S.João da Terrugem ((é esta a forma que sempre aparece nos séculos XV e XV1), e para aí «terem pia bastimal e para o capelão a baptizar, confessar e administrar os sacramentos, tudo sem prejuízo das ofertas das missas e baptizados à Igreja Paroquial de Santa Maria». Em várias festas do ano, como a Epifania, Ascenção, Corpo de Deus, Natal, etc., os fregueses deveriam ir ouvir missa de Santa Maria, para a reconhecerem como sua Matriz, e o capelão deveria tirar carta de cura»
O dia 29 de Agosto, festa do orago, S.João Degolado, deveriam guarda-lo de todo o «labor».
A ermida onde durante alguns tempos se dizia missa, é a pequena capela, muitos anos profanada, com a sua porta ogival, à beira da estrada da Ericeira e ao lado da atual igreja paroquial, e que já em nosso tempos foi salva daquele abandono pela ação do ilustre prof. Dr. Joaquim Fontes, antigo Presidente do Município de Sintra.
Deverá assim, remontar ao século XIV, senão um pouco antes.
Volvido pouco mais de um século, foi a Terrugem separada e desanexada da Freguesia de Santa Maria e erecta em Freguesia, por contrato e composição amigável celebrada entre os beneficiados daquela e os fregueses desta, de 11 de Junho de 1527 (D. João III).

Uma das condições do contrato era a de livre escolha, por parte dos paroquianos, do capelão da sua igreja, como fazem os fregueses de Montelavar e Almargem, anulam assim, o contrato que tinham com os beneficiados de Santa Maria e pelo qual a estes competia servir de côngrua, dois moios de trigo anualmente . Os fregueses pagariam ao pároco à sua custa, como até então.

O mesmo contrato e composição regulam-se minuciosamente a solução nos dízimos e das ofertas pelos vivos e mortos e as oblações, os trinários, etc. Os ornamentos da capela e as terras que tem, ficar-lhe-iam pertencendo para sempre.
Este privilégio de poderem os paroquianos escolher o pároco ainda em 4 de Julho de 1800 (Reinado de D. Maria I) se mantinha, pois desta data há uma sentença de justiça eclesiástica a favor do povo da freguesia, pela qual foi aprovada e validada a desistência, feita pelo capelão Joaquim Pedro Coelho, natural e morador em Sintra, da capelania, que lhe fora imputada porque a alcançara sobrepticia e dolosamente e contra a vontade de todos.

Pela sentença vê-se que aos paroquianos pertencia a eleição e apresentação do capelão, cuja côngrua anual era de dois moios de trigo, além destes «havia o Prior», e que a freguesia á data, «mais de 240 fogos».
Pelo enunciado se verifica que a matriz e a freguesia de S. João Degolado teve sempre grande prestígio e notoriedade em várias épocas e o favor de alguns monarcas portugueses.

Julga-se saber que em tempos de el rei D. João IV e na regência de sua mulher D. Luísa de Gusmão, na menoridade de D. Afonso VI, se pensou na edificação da atual igreja S. João Degolado na invocação de S. João Degolado, em comemoração do martírio do Santo percursor, idêntica à anterior cuja igreja paroquial era a capela de João já referida.

Crê-se que o notável templo foi obra começada por D. Afonso VI e terminada por seu irmão Pedro II.

A Igreja ainda conserva as primitivas portas ogivais e possui alpendre rústico á volta. Curiosa torre sineira datada de 1807 (D. Maria I). No interior do citado templo existe uma nave forrada de azulejos datados de 1681 (D. Afonso VI). Púlpito datado do mesmo ano.

A capela-mor é manuelina. As paredes e começo de abóbada são forrados de azulejos seiscentistas. Observe-se o retábulo do altar é de mármores, datado de 1824 (D. João VI).

A cabeça de João, orago da freguesia, que se venera neste altar, é um magnífico exemplar de escultura policromada.

Observe-se também, na capela baptismal, painel de azulejos policromos, representando o Baptismo de Cristo. Sobre o arco do triunfo há também um pequeno e bonito painel de azulejos policromos com a figuração de Nossa Senhora da Conceição.

O interessante templo acaba de ser beneficiado pelos serviços da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, cujas obras merecem o reconhecimento das autoridades administrativas, autarquia local e habitantes da freguesia.
Merece também referência a Capela de S. Sebastião, pequena e curiosa construção. Ela é a primitiva «matriz» da freguesia como acima referimos. Porta ogival, uma nave com tecto de madeira, arco triunfal manuelino, capela-mor quadrada com abóbada de nervuras. No Bocete central estão esculpidas as flechas alusivas ao orago, ligadas por um nó.

Em peanhas as imagens de pedra de S. Sebastião e S. João.

No adro, um cruzeiro. Foi portanto, esta capela a sede da Freguesia de Terrugem.
Por curiosidade, e somente por esse facto, transcrevemos a referência que o ilustre Visconde de Juromenha no seu curioso livro «Cintra Pituresca» escreve da Terrugem: «Terrugem, Orago S. João Degolado. (Martírio do Santo Percursor, 29 de Agosto)».

É esta freguesia filial de Santa Maria de Arrabalde, donde dista uma légua para o nordeste e quatro e meia para o noroeste de Lisboa.

Confina com as Freguesias de Montelavar, S. João das Lampas, Santa Maria do Arrabalde de Sintra.

Conta que a população de 264 fogos e 1040 habitantes paroquiados por um prior e compõe-se o seu distrito de 27 povos entre lugares e quintas, denominados: Terrugem, Toja, A-do-Pipo, Alpolentim, Ulmeiro, Passo, Vila Verde, Ligeira, Ribeira da Cabrela, Alcolombal, Moleirinhas, Casal de Sequeiro, Bombacias, Murganhal, Alparrel, Almorquim, Armés, Funchal, Faião, Silva, Cabrela, Casais, Granja, Carne Assada, Godigana, Fervença e lameiras.

O número médio de nascidos nesta Freguesia, nos últimos cinco anos até 1820 foi em cada ano de 37, o dos mortos 18 e os dos casamentos 7.

Corre pelo distrito desta Freguesia um pequeno rio denominado Fervença sobre o qual há uma ponte de cantaria.
Produz com mais fertilidade, trigo, cevada, milho e vinho, sendo rico o seu subsolo em rochas das melhores qualidades, em Lameiras e Fervença.
Quanto à toponímica da Terrugem diremos que o seu nome primitivo foi Tarruja (documentos de 1465 (D. Afonso I), 1486 (D. João II),1537 (D. João III), 1608 (Filipe II).

O erudito Padre Espanca, notável investigador, diz que o nome de Terrugem provém do latim Thuringia.

O Senhor Xavier Fernandes, homem sabedor (topónimos e Gentilicos, Vol II). Diz que o primeiro elemento – O mesmo nome comum Terra, de origem latina – é vulgar na toponímia portuguesa, aplicado quer na forma primitiva, quer em derivados, como se verifica, entre outros, no topónimo Terrugem, acrescentando que já viu algures que Terrugem, provem de Thuringia, expressão latina, mas que lhe parece pouco aceitável este suposto étimo. Parece, no dizer de outros investigadores que o nome Terrugem, deriva do latim, e designa terra fértil, terreno de boa agricultura, terras produtivas.

DESCRIÇÃO DOS SÍMBOLOS HERÁLDICOS
Memória descritiva e justificativa:
Para o ordenamento dos símbolos heráldicos da Freguesia de Terrugem, foram tidos em conta os elementos considerados mais relevantes, a saber, o orago-São João Degolado, as principais produções agrícolas – o trigo e a vinha, e o rio Fervença.
Em conformidade o orago foi representado por uma cabeça cortada em sangue, enquanto o trigo e a vinha o foram, respectivamente, por uma gavela e por um cacho de uvas folhado, tendo o rio sido figurado por uma faixeta ondada, carregada com uma burela.
Para a bandeira foi escolhido o vermelho.

A povoação da Terrugem foi elevada a Vila, através do despacho nº 105/XI, datado de 6 de abril.

HERÁLDICA

SÃO JOÃO DAS LAMPAS

Como elemento principal foi escolhido um símbolo falante, um cordeiro empunhando a bandeira designada por lábaro, e que é uma das representações mais expressivas do santo cujo nome a freguesia usa.

A roda dentada e a gleba de espigas de trigo, representadas de ouro em alusão à riqueza do seu valor económico, afiguram as duas actividades económicas mais significativas da freguesia – a indústria e a agricultura.
A ponte muito antiga que atravessa um curso de água foi também figurada, em alusão não só à sua importância para otransporte de mercadorias e circulação de pessoas, mas também como elemento bastante expressivo do património histórico-cultural em que a Freguesia é rica.

O verde, escolhido para o campo do escudo, alude às características rurais da freguesia e ao facto de ela estar integrada na sua quase totalidade, num Parque Natural (Sintra-Cascais)

No que respeita à escolha do amarelo para a cor do estandarte e da bandeira de hastear, pretende ele aludir, por um lado, à importância económica das produções da Freguesia e, por outro, ao respeito pela lei heráldica da iluminura.
A confrontação da freguesia com o mar foi aludida recorrendo a uma tira verde posta em ponta.

Brasão da Freguesia
Bandeira
Estandarte

Terrugem

Para o ordenamento dos símbolos heráldicos da Freguesia da Terrugem-Sintra, foram tidos em conta os elementos considerados mais relevantes, a saber, o orago – São João Degolado, as principais produções agrícolas – o trigo e a vinha – e o rio Fervença.

Em conformidade o orago foi representado por uma cabeça cortada em sangue, enquanto que o trigo e a vinha o foram, respetivamente, por uma gavela e por um cacho de uvas folhado, tendo o rio sido figurado por uma faixeta ondada, carregada com uma burela.

Para a bandeira foi escolhido o vermelho.

BRASÃO – Escudo de ouro círculo, círculo de vermelho carregado da cabeça degolada de São João Batista, de carnação, acompanhada em chefe , à dextra, de uma gavela de trigo de verde, atada de vermelho e, à sinistra, de um cacho de uvas de púrpura, folhado de verde; em ponta, faixeta ondada de azul e prata de três tiras. Coroa de mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro – TERRUGEM-SINTRA.

Brasão da Freguesia
Bandeira
Estandarte